Oklahoma
1.04 - Insistem Em Estragar Nosso Natal (Pt. 1)
1.05 - Insistem Em Estragar Nosso Natal (Pt. 2)

Anteriormente em Oklahoma

APRIL: Nossa, as vezes você parece tão fria.

June sorri.

JUNE: Eu sei. Acho que ficamos assim depois de trabalhar doze anos nesse lugar.

APRIL: Tenho péssimo gosto para homens. Sabe quem foi o último que eu me apaixonei?

JUNE: Você não me contou.

APRIL: Pois é. Aaron.

June cai na gargalhada.

AARON: Sei que não sou muito bom nisso e nem pretendo enrolar muito, mas sei de algo muito importante. Que você é a pessoa mais importante da minha vida.

Aaron abre o porta jóia e dentro há uma aliança.

AARON: Will Benjamin, quer se casar comigo?

WILL: Sim.

June começa a chorar. April a abraça.

APRIL: Tudo bem. Tudo bem. Você estava precisando chorar. Põe para fora.

APRIL: Acho que ele só quer um tempo pra pensar.

JUNE: O problema é que eu não tenho esse tempo. Estou com trinta e cinco anos e sozinha. Não posso esperar mais por ele.




A campainha toca.

APRIL: Está esperando alguém?

JUNE: Não.

APRIL: Deixa que eu abro.




April sai do quarto. June põe os brincos e sai do quarto.

June caminha na direção da sala.

JUNE: Quem era?

June chega a sala. Ela pára subitamente. April está parada na porta e do lado de fora um Homem.

JUNE: Sean?

SEAN: Surpresa.




A porta da sala de Greg abre-se rapidamente e June entra.

JUNE(irritada): Como se atreveu!? Você o chamou.

GREG: O convidei para ajudar nas investigações dos casos dos falsos suicídios.

SEAN: Vamos ser pelo menos profissionais? Vamos trabalhar juntos.

JUNE: Isso. Vamos ser profissionais.

Sean levanta. Ele vai até a porta e a abre. June está lá

SEAN: June?

JUNE: Vamos de uma vez por todas colocar os pingos nos is

June entra. A porta fecha.




Agora Episódio Inédito Duplo de Natal










BAR – INT./NOITE

Música de Fundo: Mind Trick por Jamie Cullum

O bar está movimentado. Há decoração natalina com luzes, sinos, guirlandas e no canto uma bela árvore de natal.

Numa mesa estão cerca de vinte pessoas. Todos do Departamento Policial de Oklahoma. June, April, Will, Aaron, Greg e Sean também estão lá. Eles bebem e conversam.

GREG: Sabe o que ele respondeu para mim?

TODOS: Não.

GREG: “Eu vou só tirar um cochilo.”

Todos caem na gargalhada. Momento super descontraído de todos.

JUNE: Vamos de uma vez por todas começar o amigo secreto.

AARON: Opa! Vamos.

Todos se preparam. Seguram os presentes.

JUNE: Eu começo.

June vai para a frente.

JUNE: Bem, meu amigo secreto é uma pessoa muito especial. Uma pessoa que conheço bem, mas me surpreende a cada dia. Competente e sincero.

Todos olham para Sean.

JUNE: Meu amigo secreto é... April.

Todos aplaudem. June abraça April e entrega o presente a ela. April abre e é um belo vestido. April sorri.

APRIL: Minha vez.

Música Pára.

ESCRITÓRIO – INT./NOITE

A imagem abre e mostra um homem sentado numa cadeira atrás de uma mesa. Ele assina alguns papéis que estão sobre sua mesa. Sobre a mesa uma plaquinha metálica: Abrams Potter

O telefone toca e ele atende.

ABRAMS: Alô.

SECRETÁRIA (ao telefone): Sr. Abrams, sua esposa está na linha dois. Disse ser urgente.

ABRAMS: Obrigado.

Abrams aperta a tecla referente à linha dois e atende.

ABRAMS: Amor? Qual o problema?

ESPOSA(voz pelo telefone): Abrams, você não vem mais pra casa? Agora vive enfornado aí nesse escritório dia e noite! É véspera de natal. A gente está lhe esperando para cear.

ABRAMS: Não se preocupe amor, eu já estou indo embora. As coisas se complicaram hoje por aqui. Como amanhã o banco fecha acabou que muita gente procurou hoje, mas diga as crianças que estarei aí o mais rápido possível. Algum cliente me ligou? Beijão.

ESPOSA(voz pelo telefone): Não. Nenhum. Outro para você.

Abrams desliga o telefone e levanta-se.

CORREDOR DE SAÍDA – INT./NOITE

Abrams caminha no corredor de saída. Ele leva apenas uma maleta nas mãos. Ao chegar na portaria, o segurança do prédio abre a porta para ele.

ABRAMS: Obrigado.

SEGURANÇA: De nada senhor, Abrams.

Abrams sai.

FACHADA DO PRÉDIO – EXT./NOITE

Abrams caminha na calçada do prédio da empresa. A câmera o segue mostrando-o por trás.

Ouve-se um pigarro vindo da direção de trás.

Abrams pára e olha para trás.

BANG. BANG. BANG. Três disparos são dados contra Abrams e ele cai encostado num muro. Ele está todo ensangüentado.

Mostra-se o cano da arma em close e o dedo, com luva, aperta o gatilho e ilumina toda a tela.

IMAGEM ESCURECE


FACHADA DO PRÉDIO – EXT./NOITE

June, April e Will estão no local do crime. April fotografa o corpo.

JUNE: Porque as pessoas insistem em estragar o nosso natal? Qual é!? É véspera de natal. Ninguém merece jantar com a família?

WILL: A humanidade está perdida.

JUNE: Tiros?

APRIL: Sim. Quatro disparos. Um na altura do estômago, outro no peito esquerdo, um na altura do ombro esquerdo e outro na virilha esquerda.

WILL: Pode ter sido assalto.

JUNE: Assaltantes roubam.

June abaixa e pega a maleta de Abrams.

APRIL: Ainda está com cordão, relógio e aliança. Tudo de ouro ao que me parece.

WILL: O que pode ter sido?

JUNE: Muito provavelmente um acerto de contas.

APRIL: É possível.

June puxa, discretamente, April pelo braço. Elas vão para um canto mais particular.

JUNE: Porque fez aquilo?

APRIL: Aquilo?

JUNE: É. No amigo secreto.

APRIL: O que queria que fizesse?

JUNE: Você tirou o Sean e ainda deu um mp3 player para ele?

APRIL: Qual o problema. Já expliquei que aquele mp3 player estava guardado no meu armário faz muito tempo. Eu já tenho um e não tinha para quem dar.

JUNE: Não é esse o problema, o problema é que parece que está do lado dele agora. Ouviu as coisas que disse?

APRIL: Não estou do lado de ninguém. O que importa são as palavras que ele disse sobre você. Vem cá, vocês não conversaram naquela noite? Faz o que? Semanas?

JUNE: Sim. Eu fui lá na casa dele e agente se acertou. Acertamos que iríamos ser apenas amigos. Colegas de trabalho. Nada mais.

APRIL: Então? Para que a revolta comigo?

JUNE: Está bem. Desculpa. É que eu estou estressada.

APRIL: Fica fria.

Elas se abraçam.

WILL: Meninas, venham ver isto.

April e June vão até ele.

WILL: Não repararam nada de estranho?

April e June olham para o corpo.

WILL: Os tiros. Foram todos do lado esquerdo do corpo.

JUNE: É verdade.

APRIL: O que isso prova?

WILL: Que a vítima estava caminhando pela calçada. Indo na direção de seu carro, quando foi surpreendido. Algo o chamou a atenção por trás.

JUNE: Ele se virou da direita para a esquerda fazendo com os projéteis acertassem somente o lado esquerdo de seu corpo.

APRIL: Então algo chamou a atenção dele. O que?

WILL: Pode ter sido, sei lá, um tropeço.

JUNE: Não. Se a pessoa o estava seguindo não cometeria tal erro. Foi algo mais acidental.

APRIL: Espirro.

JUNE: Talvez. Mas acho que...

June pára. Ela olha fixamente para o chão.

WILL: O que foi?

June caminha até o canto da calçada e se abaixa.

APRIL: Ela achou algo.

April e Will vão até ela.

JUNE: Pinça.

April retira de seu kit uma pinça e entrega a June. June colhe algo na calçada e se levanta.

WILL: Então?

APRIL: O que achou?

June mostra na pinça um chiclete.

JUNE: Um pigarro. Tosse. Senhor Potter estava andando tranquilamente quando ouviu algo atrás dele. Pode ter sido um pigarro. Ou tosse.

June olha para o corpo. Há uma certa distância de onde o chiclete está para o corpo.

JUNE: Pela distância do chiclete foi um pigarro. O assassino se engasgou com o chiclete. Deve ter ido parar na garganta dele. Ele pigarreou para o que o chiclete voltasse a boca, mas pigarreou forte demais e o chiclete voou para fora da cavidade oral.

APRIL: June, este chiclete pode ser de qualquer pessoa. Temos três milhões de habitantes nesse estado.

JUNE: Certamente. Mas o chiclete está úmido. É véspera de natal. Ninguém anda pelas ruas na véspera de natal mascando chiclete próximo a cadáveres.

WILL: Bem pensado.

APRIL: Se este chiclete é do assassino, então ele cometeu um erro maior do que o de tropeçar.

JUNE: As pessoas pensam que podem enganar a justiça. A justiça é cega, mas cheira muito bem.

APRIL: Vou levar para a análise.

June coloca o chiclete no saquinho de evidências e entrega a April. April sai levando.

WILL: Bom trabalho, June.

JUNE: Sem essa. É véspera de natal.

Eles sorriem.











BAR – INT./NOITE - FLASHBACK

Música de Fundo: I'm Not Missing You por Stacie Orrico

Estão todos no bar se confraternizando.

JUNE: Meu amigo secreto é... April.

Todos aplaudem. June abraça April e entrega o presente a ela. April abre e é um belo vestido. April sorri.

APRIL: Minha vez.

April toma a frente. June se senta.

APRIL: Bem, sou péssima nisso, mas vou tentar. Meu amigo secreto é uma pessoa especial. Não o conhecia muito bem. Julguei mal ele, mas acabou sendo uma ótima pessoa. Nos aproximamos mais nas últimas semanas e espero que tenhamos uma amizade bem legal. Sean.

Todos aplaudem. June fica séria. Sean vai até April e a abraça. Ele recebe o presente e abre. Um MP3 Player. Todos demonstram espanto pelo ótimo presente. Sean abraça mais uma vez April. Ela se senta.

SEAN: Uau! Um presente e tanto. Nossa. Valeu. Mesmo.

Sean olha para April. Eles sorriem um para o outro. June permanece séria. Ela toma um gole de tequila.

SEAN: Certo. Minha vez.

Música pára.

QUARTO DE CASA LUXUOSA – INT./NOITE

Um Velho veste uma fantasia de Papai Noel. Uma Velha aproxima-se dele.

VELHA: Jeremy, está errado. Colocou a roupa pelo avesso.

JEREMY: Sério, Anne?

Jeremy começa a se despir. Anne o ajuda a pôr roupa da maneira correta.

ANNE: Os convidados estão esperando. Tem muita gente lá embaixo.

SALÃO DE FESTAS DA CASA LUXUOSA – INT./NOITE

Muitos convidados. Há cerca de cem pessoas na festa. Todos bebem e se divertem.

QUARTO DE JEREMY E ANNE – INT./NOITE

Jeremy já está vestido. Uma roupa de Papai Noel super bacana e engraçada.

ANNE: Está lindo. Papai Noel mais bonito do natal.

Jeremy beija a testa de Anne.

ANNE: Deixa eu ir. Estamos lhe esperando lá embaixo.

JEREMY: Tudo bem. Só preciso tomar uma dose de uísque. Já vou. Feche a porta ao sair.

Anne sai do quarto. Jeremy vai até uma garrafa de uísque. Ele põe em um copo.

SALÃO DE FESTAS DA CASA LUXUOSA – INT./NOITE

Todos ainda aguardam. Anne desce as escadas. Numa mesa estão sete pessoas. Um Homem olha para Anne.

HOMEM: Mamãe está descendo.

Uma Mulher também olha.

MULHER: Papai deve estar pronto.

Um Rapaz observa.

RAPAZ: Esse ano eles capricharam na festa. Vovô é muito maluco.

Um Outra Mulher se levanta.

OUTRA MULHER: Preciso ir ao banheiro.

MULHER: Selena? Onde vai?

A Outra Mulher chama-se Selena.

SELENA: Ao banheiro. Já disse. Porque, Gloria?

A Mulher chama-se Gloria.

GLORIA: Por nada.

SELENA: Não se preocupe. Não vou beber.

Preciso ir também. Quero retocar a minha maquiagem.

Elas saem. O Rapaz se levanta.

RAPAZ: Papai, quer mais bebida?

HOMEM: Kevin, já disse para não me chamar de papai nas festas. Fico parecendo velho.

O Rapaz chama-se Kevin.

KEVIN(irritado): Tudo bem. Como quiser. Conan.

O Homem chama-se Conan.

Kevin sai furioso.

CONAN: Kevin!

Conan sai atrás de Kevin. Anne chega até a mesa. Não há mais ninguém.

ANNE: Onde foi todo mundo?

Anne sai atrás deles.

QUARTO DE JEREMY E ANNE – INT./NOITE

Jeremy termina sua bebida. A porta do quarto se abre. Jeremy olha a pessoa, mas não podemos ver.

JEREMY: Oi. Todos já devem estar malucos esperando por mim. Avise que já estou indo. Tudo bem? Só preciso calibrar as engrenagens velhas deste corpo enferrujado.

A pessoa puxa uma faca e a segura.

JEREMY: Que é isso? (tom de brincadeira) Já estou indo. Não precisa me matar.

A pessoa caminha na direção de Jeremy.

JEREMY: O que? O que está fazendo? Não...

A pessoa enfia a faca no peito de Jeremy. Jeremy cai no chão. Ele perde muito sangue. A pessoa sai correndo.

SALÃO DE FESTAS DA CASA LUXUOSA – INT./NOITE

Todos ainda se divertem. Conan é o primeiro a voltar a mesa. Ele parece impaciente. Ajeita o paletó amassado. Selena chega depois.

SELENA: Que houve, Conan? Está pálido.

CONAN: Eu? Não. Na verdade é o Kevin que me tira do sério. Onde está Gloria? Não foram juntas ao banheiro?

SELENA: Gloria acabou parando para falar com alguém. Não a vi mais.

Gloria chega. Ela ajeita os cabelos.

SELENA: Onde estava?

GLORIA: Banheiro.

SELENA: Não. Eu estava no banheiro.

GLORIA: No banheiro do segundo andar. Quantas perguntas.

CONAN(duvidoso): Do segundo andar?

Kevin volta a mesa. Ele traz as bebidas.

CONAN: Porque demorou tanto?

KEVIN: Não tinham mais bebidas. Foram comprar mais.

Anne chega.

ANNE: Deixa eu sentar. Estou cansada. Tanta gente para conversar.

Anne avista Jeremy no corredor do segundo andar.

ANNE: Aí vem o Papai Noel.

Jeremy se encosta na grade de proteção da escada. Ele olha todos lá de cima. Jeremy cai do segundo andar para o primeiro andar sobre uma mesa. Todos gritam apavorados. Anne, Kevin, Gloria, Selena e Conan correm desesperados na sua direção.

IMAGEM ESCURECE

IMAGEM REABRE

SALÃO DE FESTAS DA CASA LUXUOSA – INT./NOITE

Sean e Aaron estão no local. Eles fotografam o corpo.

AARON: Foi apenas uma facada. Pelo jeito atingiu o coração. Ele perdeu muito sangue.

SEAN: Literalmente mataram Papai Noel.

AARON: E os convidados?

SEAN: Estão todos numa sala. Nem acredito que vou ter que passar o natal interrogando mais de cinqüenta pessoas.

AARON: Nem me fale.

SEAN: Vamos ao quarto?

Aaron e Sean sobem as escadas e vão até o quarto de Jeremy e Anne. Chegando lá, a porta está fechada. Sean tenta abrir, mas não abre.

AARON: Que houve?

SEAN: A porta. Não abre.

Sean percebe do lado esquerdo da porta uma placa com números. Como um telefone.

SEAN: Tem uma combinação.

AARON: Gente chique é outra coisa.

Anne surge atrás deles.

ANNE: Um nove quatro nove.

Aaron e Sean se viram e a vêem.

ANNE: Foi o ano em que nos conhecemos.

SEAN: Essa porta como funciona?

ANNE: Precisa digitar o número para poder abrir. Sempre que a porta é fechada ela exige a combinação. Jeremy tinha muito medo de assaltos.

AARON: A porta já abriu alguma vez sem a combinação?

ANNE: Impossível. Foi projetada por um amigo de Jeremy. Jamais fora aberta sem a combinação.

SEAN: Usaram uma data bem comum como senha. Porque?

ANNE: Sim, mas era só nossa. Dizíamos aos amigos que tínhamos nos conhecido em 1959. Jeremy queria parecer mais jovem.

AARON: Então só a senhora e ele sabiam?

ANNE: Não. A família sabia.

Aaron e Sean se olham.

SEAN: Quem mais além da senhora estava aqui? Da família.

ANNE: Conan, nosso filho e Kevin, nosso neto. Gloria e Selena, nossas filhas.

AARON: Certo. Precisamos falar com eles.

ANNE: Não está achando que um de nós matou Jeremy. Está?

SEAN: Senhora...

ANNE: Nunca! Jamais! Pense isso!

Conan surge atrás de Anne.

CONAN: O que fizeram a ela?

Conan a abraça.

ANNE: Acham que um de nós matou Jeremy.

CONAN: Não se atrevam.

AARON: Precisamos conversam com vocês. Um por um.

CONAN: Não iremos fazer isso.

SEAN: É um direito seu, mas se negar, irá ser detido por suspeita de homicídio.

Conan sai furioso levando Anne.

ESCRITÓRIO DE JEREMY – INT./NOITE

Aaron e Sean conversam com Anne.

AARON: Primeiramente obrigado por ceder o escritório de seu marido para conversarmos. Devemos avisar que tem direito a um advogado.

ANNE: Não precisamos de um advogado. Ninguém desta família é assassino.

SEAN: Como é véspera de natal o departamento deve estar uma bagunça.

ANNE(ríspida): Podem começar.

Aaron e Sean se olham.

AARON: Nos disse que veio ajudá-lo a se vestir e saiu. Para onde foi depois de sair?

ANNE: Quando saí do quarto, Jeremy disse que iria beber um pouco. Eu fechei a porta como sempre e desci. Fui até a mesa dos meus filhos e nenhum deles estava lá. Daí decidi procurar por eles.

SEAN: Onde?

ANNE: Vaguei pelo salão de festas. Tinha muita gente. Pode até ser que tenha passado por eles, mas não vi. Fiquei procurando lá por alguns minutos e depois voltei. Todos já estavam de novo na mesa.

SEAN: Alguém pode comprovar isso?

ANNE(ríspida): Não. Ninguém. Qual o problema de vocês? Eu não matei meu marido.

AARON: Não estamos dizendo isso, senhora Von Graak. Precisamos apurar os fatos.

ANNE: Boa sorte.

Anne se levanta e sai.

SEAN: É. Vai ser um natal longo e inesquecível.







BAR – INT./NOITE - FLASHBACK

Música de Fundo: Don't Matter por Akon

Confraternização de natal no bar. Estão todos lá. April entrega o MP3 Player para Sean.

SEAN: Uau! Um presente e tanto. Nossa. Valeu. Mesmo.

Sean olha para April. Eles sorriem um para o outro. June permanece séria. Ela toma um gole de tequila.

SEAN: Certo. Minha vez.

Sean tosse.

SEAN: Vamos lá. Meu amigo secreto, bem vou ser repetitivo, é muito especial para mim. É uma pessoa e tanto. Quando conheci essa pessoa eu pensava: “Nossa, quanta frieza dentro de um coração só.” Mas depois eu conheci bem essa pessoa. Conheci e amei essa pessoa.

June continua sem mover um músculo.

SEAN: Amei muito. Na verdade amo. Na verdade eu comprei esse amigo secreto. Quem tirou essa pessoa foi a Lindsay, mas eu paguei trinta pratas para ela me vender.

LINDSAY(só a voz): Me deve dez.

Todos sorriem.

SEAN: Eu pago. Na verdade a gente combinou que iríamos ser amigos. Tipo, amigos para sempre. Nem isso somos mais. Nem amigos, nem amantes. Nada. Por isso que estou aqui hoje. Para pedir pela primeira vez perdão a ela. Pedir que ela volte a me amar. Como antes. Como nunca. Para sempre, June.

Todos aplaudem eufóricos. June se levanta. Séria. O Pager de June apita. Ela olha.

JUNE: Will e April. Comigo. Vamos.

June sai sem pegar o presente. Sean fica parado de pé segurando o presente. April passa por ele e recebe. Will acompanha April.

Música pára.

ESCRITÓRIO DE JEREMY – INT./NOITE

Sean e Aaron conversam com Selena.

SEAN: Estava na mesa. Certo. E daí?

SELENA: Eu estava lá, daí sabe como é, tinha começado a beber cedo. A bexiga estava cheia. Tive que ir ao banheiro. Oh! Mas eu não bebo álcool. Só água. Água enche a gente, né?

AARON: Mora aqui?

SELENA: Não. Faz sete anos que saí. Me casei.

SEAN: E seu marido?

SELENA: A sete palmos.

Selena gargalha. Sean e Aaron se entreolham.

SELENA: Desculpa, mas é porque ele era um babaca. Porque todos os homens depois de casar se tornam um babaca?

AARON: Ele morreu de que?

SELENA: Acidente de carro. Eu estava lá. Só me arranhei. O desgraçado voou para fora do carro. Nunca usava cinto. Morreu.

SEAN: Quanto tempo não vem aqui?

SELENA: Nossa. Uns dois meses. Porque?

AARON: Se procurarmos por digitais suas no banheiro, iremos achar.

Selena engole seco.

SELENA: Talvez.

SEAN: Porque?

SELENA: Eu usei papel higiênico nas mãos.

SEAN: Não minta para nós, senhora Selena Von Graak.

Selena passa a mão no rosto.

SELENA: Tudo bem. Vou falar a verdade. Eu na verdade saí da mesa para... você sabe...

AARON: Não.

SELENA: Droga. Precisava beber. Estava vendo toda aquela gente enchendo a cara e eu no seco? Meus irmãos não podem saber. Muito menos minha mãe. Eles gastaram uma fortuna na reabilitação comigo. Precisava beber, mas Gloria veio atrás de mim como cão de guarda. Tive que despistá-la. Passamos perto de um cara que ela é afim e ela ficou lá conversando. Eu corri para a cozinha. Enchi uma taça e bebi. Estava tão boa. Escondi a garrafa atrás da lixeira da cozinha.

SEAN: Obrigado. Está liberada. Por enquanto.

SELENA: Você é uma gracinha.

Selena sai.

Aaron começa a rir.

SEAN: Qual é?

OKPD - INT./NOITE

Há bastante gente. Está muito movimentado. June e April caminham apressadas.

JUNE: Resultado já saiu?

APRIL: Já sim. Temos que ir buscar.

Will surge na frente delas. Eles quase esbarram.

WILL: Foi mal. Olha, já tenho o exame de DNA.

JUNE: Nome.

WILL: Ainda não abri. Foi mal.

June pega o exame e abre.

APRIL: Para que eles lacram estes exames?

June lê.

WILL: Então?

JUNE: Temos um nome e melhor, um endereço. Vamos!

June sai correndo. April e Will a seguem.

RUA – EXT./NOITE

June caminha discretamente segurando a sua arma. April e Will estão atrás também armados.

JUNE(sussurrando): O endereço apontou essa rua.

APRIL: Mas parece que...

JUNE: Shhh.

APRIL(sussurrando): Mas parece que aqui não tem nada.

WILL(sussurrando): Ela tem razão.

June aponta para um prédio. April olha e logo guarda a arma.

JUNE(sussurrando): O que está fazendo? Preciso de cobertura.

APRIL: June, não está vendo o endereço?

June olha bem uma placa na faixada que diz: RETIRO DE IDOSOS.

June guarda a arma. Will faz o mesmo.

WILL: Tem certeza que o endereço é esse?

JUNE: Tenho. O desgraçado fez isso de propósito?

APRIL: Vamos descobrir.

ASILO DE IDOSOS – EXT./NOITE

June, April e Will saem do asilo.

APRIL: A identidade bate. Um ex-sargento reformado do exército. Por isso tinha nome e endereço no banco de dados.

WILL: Ele pegou o chiclete de um pobre velhinho para fazer isso?

JUNE: Provavelmente. O pigarro foi acidental. Algo que deixamos passar.

APRIL: O que?

CENA DO CRIME – EXT./NOITE

O local está isolado. O corpo já foi levado. Alguns policiais guardam a cena. June, April e Will atravessam a linha amarela e vão até o local.

APRIL: Me diga o que estamos procurando.

JUNE: Muco.

WILL: Que?

JUNE: Muco. Catarro.

APRIL: Não fala sério.

JUNE: O chiclete foi plantado. Tudo bem. Perdemos tempo. Isso que ele queria. Mas se algo chamou a atenção de Abrams Potter, deve ter sido acidental. Ele não planejava matar o homem no meio da rua. Foi tudo muito calculado. A sorte dele é que é véspera de natal. Tem pouca gente na rua e os estabelecimentos fecham cedo. Ele iria esperar Potter entrar no carro e só depois matá-lo. Iria plantar o chiclete dentro do carro, seria mais óbvio acharmos que o assassino deixou lá do que na rua. Se ele engasgou, tossiu, pigarreou, deve ter sido por outro motivo.

WILL: Estamos no inverno. A neve não veio ainda, mas está bem frio.

APRIL: Cerca de sessenta por cento a mais de pessoas ficam resfriadas nessa época do ano.

JUNE: O bandido pegou uma gripe, tossiu, assustou Potter. Ele o matou e cuspiu fora o muco. Plantou o chiclete ali e se mandou. No desespero de ter seu plano arruinado ele nem pensou na evidência que deixaria para nós. Muco.

June se abaixa, ela percebe uma mancha no chão.

JUNE: Essa mancha não é de água e nem saliva.

WILL: Já teria evaporado a mais tempo.

JUNE: É de algo mais pegajoso, consistente, liguento. Demora mais para evaporar.

APRIL: Quero vomitar.

June recolhe o material passando algodão sobre a mancha.

JUNE: Agora sim. Ele não escapa.

ESCRITÓRIO DE JEREMY – INT./NOITE

Sean e Aaron conversam com Conan.

SEAN: Então?

CONAN: Já disse tudo que sei.

AARON: Certamente dizer que ficou a noite sentado naquela mesa não é tudo que sabe.

SEAN: Sua mãe disse que uma hora da noite ela voltou lá e não havia ninguém.

CONAN: Fala sério. Beleza. Qual é a de vocês? Interrogando a gente assim! Não podem fazer isso! Ninguém matou meu pai!

SEAN: Porque está tão nervoso? Estamos conversando.

CONAN: Que merda! Não matei meu pai!

SEAN: Prove.

CONAN: Eu. Eu. Droga. Beleza. Estava na mesa. Selena e Gloria saíram para ir ao banheiro. A Selena foi encher a cara escondida. Enfim, elas saíram. Daí o Kevin disse que ia pegar bebida. Nós discutimos. Eu saí atrás dele. No meio da multidão eu me perdi dele.

SEAN: Dentro de sua casa?

CONAN: Droga... eu me separei dele. Propositalmente. Eu... que saco.

AARON: Fale, senhor Conan Von Graak.

CONAN: Eu, fui encontrar Alejandro.

SEAN: E quem é Alejandro?

CONAN: Meu namorado.

AARON: Seu namorado?

CONAN: Sim. É. Falei. Me sinto melhor agora. Alejandro trabalha nessa casa faz três anos. Quando a mãe do Kevin morreu, eu conheci Alejandro. Ele é da Guatemala. Não é ilegal. Não o deportem. Ele me libertou. Eu precisava vê-lo. Então aproveitei o momento e fui para a cozinha. Chegando lá eu vi a Selena bebendo champanhe escondida. Eu fui atrás e me encontrei com Alejandro. Demos uns amassos e eu voltei para a mesa. Meu paletó estava meio desarrumado, mas ninguém percebeu nada.

SEAN: Tem certeza que foi isso que aconteceu, Conan?

CONAN: Sim. Me sinto tão leve agora.

Conan se levanta.

CONAN: Obrigado.

Conan sai.

SEAN: Família esquisita.

AARON: Nem me diga.







BAR – INT./NOITE – FLASHBACK

Música de Fundo: Sundelly I See por KT Tunstall

Confraternização de natal no bar. Estão todos lá.

SEAN: Para pedir pela primeira vez perdão a ela. Pedir que ela volte a me amar. Como antes. Como nunca. Para sempre, June.

Todos aplaudem eufóricos. June se levanta. Séria. O Pager de June apita. Ela olha.

JUNE: Will e April. Comigo. Vamos.

June sai sem pegar o presente. Sean fica parado de pé segurando o presente. April passa por ele e recebe. Will acompanha April. Sean se senta. Will pára. Ele volta rapidamente.

WILL: Ta bem gente, como a June já saiu eu recomeço. Não vou poder falar muito porque a chefa da equipe está me chamando. Mas não poderia ir sem dizer isso. Que meu amigo secreto é a melhor pessoa que eu já conheci. Atencioso, humilde, sincero e um cara extremamente atraente. E ainda vai ser, esperamos, comandante-em-chefe da corporação. Chefão. Greg.

Todos aplaudem e gargalham. Aaron não segura o riso. Sean fica sentado, triste. Greg recebe o presente de Will. Will beija Greg no rosto e sai correndo atrás de June e April. Greg abre o presente e é uma bela gravata. Greg sorri, feliz.

GREG: Bem, antes que esses assassinos natalinos estraguem nossa brincadeira, eu vou ser rápido para dar tempo todos irem. Vamos lá.

Música pára

OKPD - INT./NOITE

June e April aguardam Will.

APRIL: Will disse que vai trazer logo que sair o exame.

JUNE: Tudo bem.

June fica cabisbaixa.

APRIL: O que houve?

JUNE: Estou pensando nesse dia confuso.

APRIL: Pois é. Muito confuso. Pensando no que Sean disse?

JUNE: Também.

APRIL: Você ainda o ama?

JUNE: As vezes acho que sim. As vezes acho que não.

APRIL: Quais essas vezes?

JUNE: Tem dia que olho para ele e o que mais quero é abraçá-lo e beijá-lo. Dizer que o amo. Tem dia que eu lembro o que ele fez comigo. Me deixou. Disse que tinha medo de cair, mas não era esse o medo que eu tinha. Se ele caísse, eu caia com ele e nos ergueríamos juntos.

APRIL: Quanto tempo limpo?

JUNE: Quatro meses. Ele disse que parou há quatro meses. Um mês depois de ir. A cocaína é uma desgraça. Temos que fazer de tudo para ficar longe dela.

APRIL: Entendo. Quando estiver naqueles dias de abraçar e beijar ele, faz. Diz que o ama. Só assim vai poder entender seu coração.

Will aproxima-se.

WILL: Ficou pronto.

JUNE: Tem endereço?

WILL: Sim. Vamos?

PRÉDIO – INT./NOITE

June e Will posicionam-se na porta de um apartamento. Eles enfiam o pé na porta a derrubando.

JUNE: Polícia de Oklahoma. Parado!

April entra após a invasão. Um Homem tenta fugir pela janela do quarto. Há roupas e malas espalhadas pelo chão. April atira nele. Ele cai no chão. June vai até ele e o ergue.

APRIL: Bala de efeito moral.

JUNE: Vince Hell, está preso sob acusação de homicídio doloso pela morte de Abrams Potter.

VINCE: Não foi culpa minha. Não têm nada contra mim!

WILL: Do que está falando? Temos seu DNA coletado na cena do crime. Temos algo contra você.

VINCE: Que se dane. Não vou me ferrar sozinho nessa. Me pagaram para fazer isso.

JUNE: Quem?

ESCRITÓRIO DE JEREMY – INT./NOITE

Aaron e Sean conversam com Kevin.

AARON: Então, Kevin. Os suspeitos estão acabando e você ainda está entre eles.

KEVIN: Nem vem com essa, cara. Eu assisto CSI. Sei qual é a de vocês.

SEAN: Isso não é um programa de tv, Kevin. Isso é vida real.

KEVIN: A vida imita a arte, amigo.

AARON: Não, Kevin. A arte imita a vida.

KEVIN: É véspera de natal. Vocês não tem família? Minha gata está me esperando.

Kevin vai se levantando.

SEAN: Se sair por essa porta será indiciado.

KEVIN: Cara, eu tenho dezessete. Tenta.

SEAN: Te mando para um reformatório e lá acredite, iria preferir estar numa penitenciária.

Kevin sorri, debochado, mas senta-se novamente.

AARON: Não queremos complicações. Apenas diga onde estava.

KEVIN: No pó.

SEAN: Como?

KEVIN: Coca. Ta ligado? Fui no banheiro masculino e cheirei. Duas vezes. Voltei para a mesa calibrado.

AARON: É usuário?

KEVIN: Um ano.

AARON: Seu pai sabe?

KEVIN: Aqui nessa família é tudo falso, cara. Eles fingem que não sabem e nós fingimos que não sabemos que eles sabem. É assim que funciona. Minha tia Selena finge que parou de beber e todos fingem que acreditam. Meu pai finge de machão. Mantém a pose e nós fingimos que acreditamos nele. Eu finjo que sou o adolescente rebelde mas que no fundo amo meu pai e eles fingem que acreditam. Minha tia Gloria finge que é legal e nós fingimos que acreditamos nela. Minha avó finge que ama todos nós quando na verdade ela apenas nos tolera. Vivemos numa casa de “fakers”. Entendeu? Não matei meu avô. Nisso sim podem acreditar.

Kevin levanta e sai.

BAR – INT./NOITE – FLASHBACK

Música de Fundo: Rehab por Amy Winehouse

Greg recebe o presente de Will. Will beija Greg no rosto e sai correndo atrás de June e April. Greg abre o presente e é uma bela gravata. Greg sorri, feliz.

GREG: Bem, antes que esses assassinos natalinos estraguem nossa brincadeira, eu vou ser rápido para dar tempo todos irem. Vamos lá. Meu amigo secreto...

O pager de Sean bipa. Ele olha.

SEAN: 911.

GREG: Agora? Estão estragando a brincadeira.

SEAN: Desculpa, Greg.

Sean se levanta apressado.

SEAN: Aaron.

AARON: Nem recebi presente.

Aaron levanta e vai saindo com Sean.

GREG: Espera.

Eles param.

GREG: Meu amigo secreto é Aaron.

Todos aplaudem.

AARON: Porque nós tiramos uns aos outros?

SEAN: Errado. Paguei trinta paus para tirar um de nós.

Aaron abre o presente e é um boné do New York Giants.

AARON: Jura? Original?

GREG: Feliz natal.

Aaron abraça Greg. Aaron põe o boné na cabeça de Greg.

AARON: Me entrega depois.

GREG: Pode deixar.

Aaron e Sean saem correndo.

GREG: A brincadeira já estragou mesmo. Vamos apenas entregar os presentes.

Todos começam a trocar os presentes.

Música pára.

CARRO DE JUNE – INT./NOITE

June dirige a noventa quilômetros por hora. Will e April se seguram e apertam o sinto.

WILL: Entra a direita.

June vira a direita.

ESCRITÓRIO DE JEREMY – INT./NOITE

Sean e Aaron conversam com Gloria.

GLORIA: Só queria dizer que sou inocente.

SEAN: Tem que nos fazer crer em você.

GLORIA: Como?

AARON: Nos provando. Para começar, diga onde estava?

GLORIA: Selena levantou para ir ao banheiro e eu fui com ela. Queria ver se ela não beberia. No caminho encontrei um cara que tenho certa afinidade com ele. Nós fomos para o banheiro do segundar andar e transamos lá.

SEAN: Mora aqui?

GLORIA: Não. Não moro aqui faz uns sete anos.

AARON: Vem sempre aqui?

GLORIA: Não. Faz dois anos da última vez. Sempre venho no natal, mas nos anos anteriores não pude vir.

SEAN: Que horas chegou aqui?

GLORIA: Por volta das oito.

AARON: A festa começou as oito. Porque chegou tão em cima da hora? Os anfitriões sempre devem chegar antes. Esqueceu?

GLORIA: O que isso quer dizer? Só quer dizer que cheguei tarde. Qual o problema?

SEAN: Poderia ter outra razão.

GLORIA: Qual?

SEAN: Poderia ter chegado mais tarde porque estava ocupada planejando a morte de seu pai. Poderia ter chegado mais tarde porque estava escondendo a faca que usaria. Poderia ter chegado mais tarde porque estava comprando as luvas que usaria para matar seu pai.

GLORIA: Quanto absurdo. Querem achar um culpado. Entendo, mas não fui eu.

AARON: Sabe de uma coisa? Todos nesta família titubearam para falar conosco. Como seu próprio sobrinho disse, tentaram fingir algo. Você foi a única que tinha todas as respostas prontas. Tudo tão direito.

GLORIA: Quem fala a verdade não titubeia.

SEAN: Claro que não, mas quem fala a verdade também sabe que não existe nenhum banheiro no segundo andar.

GLORIA: Não seja idiota. Claro existe. Sempre existiu.

A porta se abre repentinamente e Anne, Selena e Conan entram furiosos.

ANNE: Assassina! Como pôde?!

GLORIA(confusa): O que?

CONAN: O banheiro do segundo andar foi destruído ano passado para construção de uma sala de jogos para o papai.

KEVIN: Não conhece a própria casa. Fakers.

Gloria se levanta.

GLORIA: Armaram para mim!

SEAN: Gloria, fique sentada. Tem o direito de permanecer calada. Está presa sob acusação de homicídio doloso.

Gloria empurra a todos e sai correndo. Anne cai no chão aos prantos. Aaron tenta ampará-la. Sean corre atrás de Gloria.

CASA DE JEREMY E ANNE – INT./NOITE

Gloria desce as escadas apressada. Sean empunha sua arma. Ele pára e mira.

SEAN: Gloria. Fique parada! Agora!

Gloria chega até a porta de saída. A porta abre de uma vez e Gloria cai no chão. June, April e Will entram. Todos segurando suas armas. June aponta para Gloria, caída.

JUNE: Está presa sob acusação de formação de quadrilha e homicídio.

June olha para cima e vê Sean.

JUNE: Sean?

SEAN: O que estão fazendo aqui?

JUNE: Essa mulher foi a mandante do crime a Abrams Potter. O cúmplice disse que ela mandou ele o matar. Pela descrição dada por Vince. É ela.

SEAN: Então ela está acusada de duplo homicídio.

April algema Gloria.

GLORIA: Todos tiveram o que mereceram. Meu pai. Aquele sovina desgraçado. Iria deixar uma miséria para mim. Iria deixar tudo para o “junkie” do neto. E o Potter? Aquele filho da mãe era advogado do meu pai. Concordou com tudo que disse. Nem interviu por mim. Quando era para transar comigo ele vinha correndo. Na hora de me ajudar, se negou a fazer. Não me arrependo. Abrams me disse o conteúdo do testamento alguns dias atrás. Quando soube tinha certeza do que queria fazer.

WILL: E porque achou que matando seu pai mudaria algo?

GLORIA: Não no testamento, mas sairia de alma lavada. Digamos que a morte dele pagou a minha parte do dinheiro.

Gloria sai as gargalhadas. April a leva. June relaxa.

JUNE: Vamos para casa. Esse natal foi uma droga.

SEAN: De acordo.

Aaron desce as escadas e se abraça a Will.

WILL: Tudo bem?

AARON: Finalmente acabou. Vamos?

Todos eles saem.

CASA DE APRIL – INT./NOITE

Música de Fundo: See a Little Light por Belinda

April sai do banho. Ela se veste. April caminha até a cozinha. Ela põe duas fatias de pão sobre a mesa. A campainha toca. April corre até a porta. Ela abre. April fica parada, boquiaberta.

APRIL: Mãe?

MÃE DE APRIL: Feliz natal!

A Mãe de April entra e a abraça forte.

CASA DE WILL E AARON – INT./NOITE

Música de Fundo: See a Little por Belinda

Will coloca uma mala sobre o sofá. No chão existem outras.

AARON: Tem certeza? Isso é um grande passo.

WILL: Tenho. Morar com você é o que eu quero. Na verdade eu praticamente moro aqui. Só faltava trazer as malas.

AARON: Tirei você no amigo secreto e eu que ganho presente? Bem vindo ao seu novo lar.

Aaron e Will se abraçam.

WILL: E aí? Como foi lá na casa dos Darling?

Eles caem na risada.

CASA DE JUNE – INT./NOITE

Música de Fundo: See a Little Light por Belinda

June assiste TV. Ela olha o relógio que marca 1:30 da manhã. Ela desliga a TV. A campainha toca. Ela vai até lá e abre. Sean está lá.

JUNE: Sean? Está tarde. O que faz aqui?

SEAN: Vim só saber se está tudo bem?

JUNE: Sim. Obrigada.

June fecha a porta. Sean coça a cabeça. Ele dá meia volta e já vai voltando para o carro. A porta da casa de June se abre.

JUNE: Sean!

Sean pára e vai até ela.

SEAN: Algum problema?

JUNE: Que se dane!

June puxa Sean pela camisa e o beija na boca. Ela puxa ele para dentro de casa e eles começam a tirar a roupa um do outro.

EXT./DIA

Música de Fundo: See a Little Light por Belinda

Imagens do dia amanhecendo. Sol com muitas nuvens. Típico do inverno.

AEROPORTO – EXT./DIA

Música de Fundo: See a Little Light por Belinda

Greg caminha pelo saguão. Ele passa pelo detector de metais. Greg embarca no avião. Greg observa o lugar pela janela. Imagens do avião levantando vôo. Greg segura firme em seu assento.

DEPARTAMENTO CENTRAL DA CALIFÓRNIA – INT./DIA

Música de Fundo: See a Little Light por Belinda

Greg entra. Ele vai até a recepcionista.

GREG: Olá. Bom dia. Eu vim para a entrevista do cargo de comandante-em-chefe.

RECEPCIONISTA: Ah! Sim. Um instante.

A Recepcionista fala ao telefone. Greg fica observando o lugar. A Recepcionista desliga.

RECEPCIONISTA: O senhor Ben está esperando na sala dele.

GREG: Obrigado.

Greg já vai saindo, mas ele volta até ela.

GREG: Hoje é 25 de dezembro. Todos estão trabalhando aqui na Califórnia?

RECEPCIONISTA: Sim. O crime não respeita os feriados cristãos.

GREG: Tem razão. Gosta de trabalhar aqui?

RECEPCIONISTA: Este emprego paga as minhas contas. Logo, adoro. Boa sorte.

Eles sorriem. Greg a cumprimenta e sai. CLOSE em um relógio de parede que marca 10:00 da manhã.

A Câmera dá um giro de 360o. e volta até o relógio que agora marca 13:00 da tarde.

Greg sai da sala. Ele vai até a recepção e se senta. A Recepcionista vai até ele.

RECEPCIONISTA: Então?

GREG: Acho que fiquei muito nervoso. Ele disse que fui o último. Pediu para que eu esperasse para me dar logo a resposta.

RECEPCIONISTA: Então, boa sorte.

GREG: Muito obrigado.

EXT./DIA

Música de Fundo: See a Little Light por Belinda

Passagem de tempo. Pássaros voando, crianças brincando, ondas quebrando...

DEPARTAMENTO CENTRAL DA CALIFÓRNIA – INT./DIA

Música de Fundo: See a Little Light por Belinda

Greg espera sentado na recepção. Ele fala ao celular.

GREG(no celular): Ainda bem que o fuso horário da califórnia é mais cedo. Aqui ainda é cedo. Já fiz a entrevista. Foi cansativa. Estou morrendo de fome. Ele pediu para eu esperar, mas tudo bem.

A Recepcionista aproxima-se de Greg.

GREG: Tenho que desligar.

Ele se levanta.

RECEPCIONISTA: Senhor Gregory?

GREG: Eu.

RECEPCIONISTA: O senhor Ben está chamando. Ele já tem a decisão do conselho sobre o cargo.

GREG: Hora da verdade.

Greg acompanha a recepcionista.

Música pára.

RUA – EXT./DIA

Um Homem estaciona seu carro em frente a um prédio. Ele desce do carro falando em um celular.

HOMEM: Não amor, já disse que eu vou na reunião e de lá eu passo na escola das meninas e pego elas.

O Homem encosta-se em seu carro.

HOMEM: Sim. Claro que vou. Eu passo pela escola e pego as meninas. Qual a grande dificuldade nisso? (breve pausa) Não estou gritando com você. Estou falando direito. Se der ainda passo na pizzaria e pego uma quatro queijos para a gente.

O Homem desencosta do carro e caminha para a frente do Hotel.

HOMEM: Não amor. A reunião é rápida. Vai ser rapidinha.

Uma Mulher bela e loira sai do carro dele. Ela sorri e ele pisca o olho para ela.

HOMEM: É. Negócios. Você sabe como é.

O Homem vê as pessoas parando na rua e olhando para cima. Elas parecem intrigadas.

HOMEM: Não, baby. Tenho que desligar. Tem algum problema por aqui e eu quero saber o que é.

Por um momento o silêncio domina o ambiente até que o silênio é quebrado por um forte estrondo. O Homem se assusta e pula. Ele percebe que um corpo de um Rapaz está sobre seu carro. O carro fica completamente amassado e há sangue por todo lado. As pessoas na rua gritam desesperadas e assustadas.

HOMEM(assustado): Amor! Deus! Um homem pulou do hotel. Caiu em cima do meu carro. Liga para a ambulância!

As pessoas na rua gritam desesperadas e continuam olhando para cima. O Homem finalmente olha para cima.

HOMEM: Oh! Meu deus!

O Homem vê três outros corpos, de pessoas vivas, em queda livre. As pessoas vêm caindo do topo do hotel.

As pessoas correm desesperadas. O Homem parece estar paralisado. As três pessoas continuam vindo em direção ao solo. O Homem finalmente sai correndo. Os três corpos atingem o chão com violência.

Gritos desesperados.

IMAGEM ESCURECE