Oklahoma
1.03 - Tarde Demais

OKLAHOMA POLICE DEPARTAMENT – INT./DIA

Música de Fundo: For You I Will por Teddy Geiger

Greg está conversando com uma Mulher.

GREG: Não. Você liga para a Sharon e avisa que eu vou comprar o jantar e levo. Pede para ela...

A porta se abre rapidamente e June entra.

JUNE(irritada): Como se atreveu!?

Greg e a Mulher a olham assustados.

GREG: Nos falamos depois.

A Mulher sai da sala e fecha a porta.

GREG: Do que está falando?

JUNE: Do que estou falando? Não seja cínico.

GREG: Por favor, dá para me explicar o que está acontecendo?

JUNE: Você o chamou.

GREG: Quem?

JUNE: Sean!

GREG: Ah! Isso.

JUNE: Como assim? “Ah! Isso.” Como assim?

GREG: O convidei para ajudar nas investigações dos casos dos falsos suicídios.

JUNE: Posso me virar muito bem. Eu e minha equipe.

GREG: Não pode não. E qual o problema? Ele é um ótimo investigador. Vai ajudar muito bem.

JUNE: Não é essa a questão.

GREG: E qual a questão?

JUNE: A questão é que você fez ele voltar. No momento em que eu estava disposta a esquecê-lo, você o trouxe de volta.

GREG: June, nem tudo pode girar em torno de você. Sean veio a meu convite para nos ajudar nos casos dos falsos suicídios e ele vai ficar para ajudar.

JUNE: Não pode fazer isso comigo.

GREG: Não é sobre você. São sobre jovens que estão morrendo. June! Precisa superar.

JUNE: É impossível superar com o homem que eu amo bem do meu lado.

Ouvimos um BIP. June pega seu pager na cintura.

JUNE: Obrigado por nada, Greg.

June sai da sala. Ela bate a porta com força. Greg passa a mão na cabeça.

Música Pára.

SALA DE AARON – INT./DIA

June entra. Will e April já estão lá.

JUNE: O que houve?

AARON: Bem, recebemos duas chamadas hoje.

APRIL: Duas?

AARON: Isso. Teremos que nos dividir.

WILL: Cade o resto do pessoal?

AARON: Todos ocupados. Sobrou para nós. Iremos nos dividir em dois grupos. Eu e Will iremos cobrir um caso.

JUNE: Beleza. April e eu vamos ao outro.

AARON: Na verdade, o outro caso foi de suicídio.

APRIL: Mais um?

JUNE: O que estamos esperando?

AARON: Greg pediu para que eu incluísse o detetive Bishop nos casos de suicídio.

JUNE: Está brincando comigo.

A porta abre e Sean entra.

SEAN: Desculpem o atraso. Estava tomando café. Saí de casa no seco.

Aaron entrega o endereço da chamada a June.

DEPÓSITO VELHO – INT./DIA

June, Sean e April chegam ao local. Tudo está muito bagunçado e sujo.

APRIL: Quanta sujeira.

JUNE: Ótima maneira de começar o dia.

Sean apenas observa o local.

APRIL: Onde está o corpo?

JUNE: O policial disse que está nos fundos do depósito.

SEAN: Por aqui.

Sean, June e April chegam até uma porta. Sean a abre.

SEAN: Aqui está o corpo.


DEPÓSITO VELHO – INT./DIA

A imagem fica totalmente branca rapidamente, até perceber-se que se trata do FLASH de uma máquina fotográfica que June disparou. Ela tira fotos do corpo. O corpo está pendurado pelo pescoço. Uma corda amarrada no teto e presa ao pescoço. É um rapaz.

SEAN: Identificação.

APRIL: Lionel Richie. Dezessete anos.

SEAN: Lionel Richie?

APRIL: Os pais deviam serem muito fãs.

June tira mais fotos. Ela está a certa distância de Sean e April.

APRIL: O que conversaram ontem?

SEAN: Nada.

APRIL: Como assim? Nada?

SEAN: É. Nada. June não quis papo. Logo depois que você saiu ela ficou me encarando e bateu a porta na minha cara.

APRIL: Sério?

SEAN: Sim. Vem cá, ela está me odiando tanto assim?

APRIL: Nem imagina, mas bem que você merece.

SEAN: Qual é? O clube da luluzinha ta me odiando agora?

APRIL: O que você fez não se faz.

SEAN: Eu só pedi transferência para Midwest City. Precisava respirar.

APRIL: Acho que respirou demais. Hiperventilou.

April sai de perto de Sean.

SEAN: Só faltava essa.

April aproxima-se de June.

APRIL: Alguma coisa?

JUNE: Sim. Olha isso.

June levanta a camisa de Lionel e mostra o Band-Aid.

APRIL: O Band-Aid.

Sean se aproxima.

SEAN: Li o relatório. O Serial usa Band-Aids para ocultar os cortes que ele faz. Na verdade não é bem para ocultar. Ele os usa simplesmente como um ritual.

June sai de perto deles.

SEAN: Qual é June!?

JUNE: “Qual é?” É o que você tem para me dizer depois de cinco meses longe?

SEAN: Você não me deixou falar. Esqueceu?

JUNE: Nem pretendo deixar.

SEAN: Vamos ser pelo menos profissionais? Vamos trabalhar juntos.

JUNE: Isso. Vamos ser profissionais.

APRIL: Pessoal!

June e Sean olham para April.

APRIL(assustada): Olhem isso.

April aponta para um envelope colocado sobre uma caixa. June vai até lá. Ela pega o envelope. June mostra o envelope a Sean e April.

ENVELOPE: Para Detetive June Green.

June, April e Sean se olham.

CASA – INT./DIA

Aaron e Will entram na casa. Lá há muitos policiais. Uma Mulher chora num canto. Eles vão até ela.

AARON: Senhora Linda Mayers?

A Mulher ergue a cabeça.

AARON: Detetives Carter e Benjamin.

LINDA: Detetives Car...

WILL: Pode nos chamar de Aaron e Will.

LINDA: Will... eu não aguento mais dar depoimentos.

WILL: Não viemos colher depoimentos. Somos peritos de Oklahoma City. Sentimos por sua perda.

LINDA(chorando): Meu bebê...

AARON: Onde está o corpo?

LINDA: No quarto.

QUARTO DA VÍTIMA – INT./DIA

Linda, Aaron e Will entram. Na cama, um garoto de doze anos está lá. Está coberto pelos lençóis. Não há sangue no local.

LINDA: Não consigo.

Linda sai do quarto. Aaron e Will caminham até o corpo. Aaron descobre o corpo. O Garoto está lá.

WILL: Sem cortes ou hematomas aparentes.

AARON: Ele parece... em paz.

Will verifica os pulsos e cabeça do garoto.

WILL: Sem fraturas ou qualquer sinal de sangramento.

Aaron sai do quarto.

CORREDOR – INT./DIA

Linda está encostada na parede. Aaron chega até ela.

AARON: Onde está o seu marido?

LINDA: Arnold? Ele não está na cidade. Viajou para D.C. a negócios. Só chega amanhã.

AARON: Já entrou em contato com ele?

LINDA: Ainda não. Não tive coragem.

AARON: Iremos levar o corpo. Vamos descobrir quem fez isso.

LINDA: Quando acordei eu fui lá. Acordá-lo. Ele estava tão frio. Eu achei que era pelo frio. Eu o cobri e deitei com ele. Só aí percebei que ele não tinha batimentos.

Linda começa a chorar compulsivamente. Ela começa a escorregar pela parede até cair sentada. Aaron a ampara e se abraça com ela.

SALA DE NECRÓPSIA#1 DA OKPD - INT./DIA

June e April fazem a higienização do corpo do rapaz. Sean põe as luvas. Sean retira o Band-Aid e o corte fica aparente. Sem pele e bem profundo. Sean enfia uma pinça cirúrgica dentro do corte. Ele puxa um pequeno saco plástico preto.

JUNE: Ele voltou a atacar novamente.

APRIL: O que será desta vez?

Sean começa a romper o lacre.

APRIL: Precisa esperar até o controle anti-terrorismo verificar.

SEAN: Não vou esperar. Já sabemos que não tem uma bomba aqui dentro.

Sean rompe o lacre. Ele retira um pedaço de papel de dentro. Ele mostra a April e June.

PAPEL: 3x5

APRIL: Mais uma multiplicação?

SEAN: O que ele quer dizer com isso?

JUNE: Talvez descubramos.

June pega o envelope endereçado a ela. O envelope ainda está fechado.

SALA DE NECRÓPSIA#2 DA OKPD - INT./DIA

Música de Fundo: Hallelujah por Rufus Wainright

Will higieniza o corpo do garoto. Aaron olha resultados de exames.

WILL: Qual o nome dele?

AARON: Sebastian. Sebastian Mayers.

WILL: Tão jovem. Porque alguém mataria um garotinho tão inocente?

AARON: A humanidade está perdida, Will.

WILL: Ah! Ontem falei com minha mãe.

AARON: Convidou ela?

WILL: Sim. Disse que ainda não marcamos a data, mas quando marcarmos eu irei chamá-la.

AARON: E seu pai?

WILL: Você ainda tem esperança que meu pai venha?

AARON: Nunca se sabe.

WILL: Qual é? Quando contei ele quase surtou. Faz uns três anos que não falo com ele.

AARON: Como você se formou tão rápido? Já trabalha aqui a dois anos.

WILL: Na verdade já lhe contei mil vezes esta história e não são dois anos. Foram oito meses de estágio e quinze meses efetivado.

AARON: Sei. Só adoro quando você faz o menino gênio.

O corpo de Sebastian tem um espasmo. Will e Aaron se assustam.

WILL: Que foi isso?

AARON: Não sei.

Aaron põe o estetoscópio no peito de Sebastian.

AARON: Sem batimentos.

WILL: Claro. Está morto.

Aaron tenta sentir o pulso de Sebastian.

AARON: Nada. Deve ter sido apenas um espasmo cadavérico. Acontece um em um milhão.

Sebastian tem outro espasmo.

WILL: Temos dois em um milhão.

AARON: Leva ele para o Imagem. Agora!

Will empurra a maca móvel com rapidez.

SALA DE JUNE – INT./DIA

Música de Fundo: Hallelujah por Rufus Wainright

Sean e April estão sentados. June está de pé segurando o envelope.

SEAN: O que está esperando?

JUNE: Fica na tua. Não faço a menor idéia do que esse sociopata quer comigo. Não sei o que ele vai dizer.

SEAN: Tem medo do que posso estar aí?

JUNE: Para falar a verdade estou me cagando de medo. Não sei o que ele quer.

APRIL: Fica calma.

JUNE: Estou tentando.

Sean se levanta e pega o envelope da mão de June. Ele começa a abrir o envelope.

JUNE: O que está fazendo?

SEAN: Ajudando.

Sean abre o envelope. Ele olha dentro do envelope. Puxa uma carta. Sean começa a lê-la.

APRIL: O que está fazendo?

SEAN: Lendo.

JUNE: Lê em voz alta.

SEAN: Foi mal. Aqui diz: “Saudações detetive Green. Soube que está cuidando do caso dos suicídios. Fico feliz por isso. Pelo que pesquisei, você é uma das melhores investigadoras e peritas do estado. Só tome cuidado com seus passos, porque estarei sempre a frente. Enquanto dá um passo a frente, eu dou dois. Até a próxima.”

April pega a carta.

JUNE: O maldito acha que isso tudo é uma brincadeira.

SEAN: Ele só queria lhe assustar e pelo jeito conseguiu. Está fazendo esse jogo para tirar nossa atenção.

APRIL: Podemos tentar achar digitais na carta.

SEAN: Ele não é do tipo que comete erros tão bobos. Mas vamos tentar achar.

JUNE: Ele parece que sabe quem sou. Parece que está brincando comigo.

SEAN: Já disse que ele só quer lhe assustar. Quer tirar sua atenção. Quer que se concentre nesse detalhe e esqueça o maior. Ele.

APRIL: Talvez Sean esteja certo.

JUNE: Quando eu pegar o desgraçado eu vou capar ele.

June sai furiosa da sala. April já vai saindo quando Sean a segura pelo braço.

SEAN: Cuida dela por mim.

April apenas concorda com a cabeça e sai. Sean senta-se numa cadeira.

Música Pára.

SETOR DE IMAGEM – INT./DIA

Aaron e Will estão sentados na frente de um computador. Um outro Perito está com eles. Numa sala, Sebastian passa por uma ressonância magnética. Will aponta no monitor.

WILL: Está vendo isso?

AARON: Minha nossa. O cérebro ainda funciona. Como?

MÉDICO: É raro, mas é possível.

WILL: Está a horas sem batimentos. Não tem circulação.

MÉDICO: Talvez os batimentos estejam tão fracos que os equipamentos mais rústicos não detectem. Se quiserem podem levá-lo para um equipamento que recebemos recentemente para que possamos detectar se há batimentos, mesmo que fracos, ou não.

AARON: Mas o corpo está frio.

MÉDICO: O corpo esfriou pela pouca oxigenação nos órgãos. Eles acabam resfriando para manter a atividade mínima. Sem oxigênio suficiente o organismo não pode funcionar a todo vapor.

AARON: Certo. Vamos levá-lo para essa maquina e iremos fazer um teste sangüíneo. Se há chance do garoto sobreviver, vamos tentar.

SALA DE IMAGEM(ALA CORAÇÃO) – INT./DIA

Aaron e o Médico estão no local. O Médico aponta no monitor.

MÉDICO: Viram? Há batimentos. O coração está batendo tão devagar que pode causar uma exagerada concentração de sangue no mesmo.

AARON: O garoto está vivo.

Will entra na sala. Ele traz os exames.

WILL: Aaron, recebi os exames de sangue.

Will entrega a Aaron. Aaron lê os exames.

AARON: Um veneno?

WILL: Sim. O exame apontou nitrato de cobre. É veneno que pode causar parada cardíaca.

AARON: Mas não conseguiu matar Sebastian.

WILL: Temos que voltar lá.

AARON: Certo. (para o Médico) Leve-o para U.T.I. do Oklahoma City Full Heart Hospital.

MÉDICO: Certo.

O Médico sai.

AARON: Vamos.

CASA DE SEBASTIAN – INT./DIA

Linda abre a porta. Aaron e Will entram.

LINDA: O que houve? Descobriram quem matou meu filho?

AARON: Na verdade não. Na verdade Aaron não está morto.

LINDA: Oh meu deus! Não?!

Linda começa a chorar.

WILL: Sebastian estava em um estado parecido com o coma. Seu organismo estava funcionando a dez por cento. Mas está vivo. Foi encaminhado para o hospital, mas não sabemos se terá seqüelas.

LINDA(feliz): Meu bebê está vivo.

AARON: Mas tem um problema.

LINDA: O que houve?

WILL: Os exames de sangue e toxicológicos apontaram um veneno circulando pelo sangue de Sebastian.

LINDA: Um veneno?

AARON: Sim. Suspeitamos que Sebastian tenha sido intencionalmente envenenado.

LINDA: Mas a única pessoa que ficou com ele fui eu.

Will e Aaron a olham.

LINDA: Não querem dizer que eu tentei matar meu filho. Querem?

AARON: Senhora Mayers, sinto muito, mas temos que levá-la sob custódia.

LINDA: Impossível.

Um Homem surge por trás de Linda. Linda o abraça.

HOMEM: O que está havendo?

WILL: Você é?

HOMEM: Meu nome é Arnold. Sou marido de Linda. Pai de Sebastian.

LINDA: Arnold, estão insinuando que tentei matar Sebastian.

ARNOLD: Tentou?

WILL: Sim. Sebastian está vivo.

Arnold se emociona.

ARNOLD(chorando): Jura?

AARON: Sim, mas ele foi intencionalmente envenenado.

ARNOLD: E estão insinuando que minha esposa o fez?

WILL: Entenda...

ARNOLD: Minha mulher não faria isso! Como se atrevem? Fora da minha casa!

AARON: Senhor...

ARNOLD: Fora!

Will puxa, levemente, Aaron pelo braço e eles saem.

RUA – EXT./DIA

Will e Aaron caminham.

AARON: Não sei, mas não consigo crer que aquela mulher tenha tentado matar o filho.

WILL: Não tem outra saída. Segundo o relatório o menino não vai a escola, porque estuda em casa e o casal não tem empregada. O marido estava viajando e a única pessoa com o menino era a mãe.

AARON: Espera.

Eles param.

AARON: O menino não vai a escola?

WILL: Não. Ele deixou de ir a escola faz dois anos. Segundo depoimento da mãe ele não se adaptou.

AARON: Quem o ensinava em casa?

WILL: Uma professora particular.

AARON: Precisamos encontrar essa mulher.

WILL: Linda deu endereço dela. Está no relatório, mas Linda disse que ela é de total confiança, por isso nem a mencionei.

AARON: Vamos ver isso.

Aaron pega o celular e disca.

AARON(ao telefone): Alô? É o Aaron. Preciso que pegue o relatório do caso Sebastian Mayers e me passe o endereço da professora particular do menino.

Aaron pega um bloco de papel e uma caneta e anota.

AARON(ao telefone): Obrigado. (para Will) Vamos.

Eles saem apressados.

SALA DE GREG – INT./DIA

Música de Fundo: Kiss Me por Sixpence None The Richer

Greg está ao telefone.

GREG(ao telefone): Mas amor, eu já disse que não. Eu passo por aí mais tarde e entrego sua comida. Hoje isso está um caos. Prometo que passo aí.

Sean entra na sala.

GREG(ao telefone): Ligo para você depois. Beijo.

Greg desliga.

GREG: Sean? Sente-se.

Sean se senta.

GREG: O que houve?

SEAN: Isso não está dando certo.

GREG: Do que está falando?

SEAN: De mim. Eu estar aqui.

GREG: June.

SEAN: Ela me odeia. Fiquei fora cinco meses e ela me repudia completamente.

GREG: Porque não ligou para ela?

SEAN: Como é? Até você?

GREG: Não me venha com essa. Sabe que eu lhe adoro. Lhe tenho como um filho, mas o que fez com June não se faz com nenhuma mulher.

SEAN: Qual o problema de vocês? Até parece que eu traí June com meia dúzia de mulheres.

GREG: Ficou fora cinco meses, Sean.

SEAN: E nenhuma mulher deitou na minha cama. Oportunidades não faltaram.

GREG: Você nem ligou para ela.

SEAN: Eu sei. Na primeira semana eu ia ligar, mas tinha tanta coisa para fazer que eu acabei esquecendo. Fui enrolando, enrolando e acabei ficando inseguro de ligar. Imaginei que ela já tinha se arrumado com alguém.

GREG: Fala sério! June te ama.

SEAN: Eu sei.

GREG: E porque fez isso?

SEAN: Eu precisava. Tinha medo de magoá-la.

GREG: Medo? De que?

SEAN: Tive meus motivos para ir.

GREG: Sean, você é um homem de que? Trinta anos?

SEAN: Vinte e nove.

GREG: Vinte e nove. É jovem, mas já tem uma bagagem de vida. Sabe que se você a ama, não iria machucá-la.

SEAN: Mas eu a amava. Na verdade eu a amo.

Greg olha na direção da porta. Sean pára e olha. June está lá parada segurando uns papéis.

JUNE(emocionada): E porque me abandonou?

SEAN: Porque eu te amava e tinha medo de te ferir.

JUNE: Com o que?

SEAN: Você sabe.

JUNE: Se você caísse eu cairia junto. E daí? Quem ama, ama. Não me importaria.

SEAN: Eu sim. Por isso não quero que fique zangada comigo.

JUNE: Tarde demais.

June dá meia volta e sai da sala. Sean respira lamentoso.

Música Pára.


CASA DA PROFESSORA PARTICULAR – EXT./DIA

Aaron e Will chegam a casa. Aaron toca a campainha. Eles aguardam. A porta se abre uma Mulher os recebe.

MULHER: Pois não?

AARON: Katarina? Katarina Hill?

KATARINA: Sim. Eu. Posso ajudar?

WILL: É a professora particular de Sebastian Mayers?

KATARINA: Sim. Era eu. Pena que faleceu.

AARON: Uma pena mesmo. Podemos entrar?

KATARINA: Vocês quem são?

WILL: Desculpe nossa ignorância. Somos Aaron e Will Iñarritu. Estamos a procura de uma professora particular para nosso filho.

KATARINA: São um casal?

AARON: Algum problema com isso?

KATARINA: Não. Tudo bem. Entrem. Vamos.

Eles entram.

CASA DE KATARINA – INT./DIA

Katarina os leva até um sofá.

KATARINA: Sentem. Fiquem a vontade. Querem beber algo?

WILL: Não.

AARON: Estou bem assim.

KATARINA: Então... qual a idade do seu filho?

WILL: Ele tem dez anos.

KATARINA: Como ficaram sabendo sobre mim?

AARON: Foi recomendada por Arnold Mayers.

KATARINA: Sério?

WILL: Onde é formada?

KATARINA: Na universidade de Oxford. Não é grande coisa, mas foi uma boa formação.

AARON: Formada em que?

KATARINA: Me formei em biologia e me especializei em farmacologia.

WILL: Interessante. Sabe manipular?

KATARINA: Sim. Adoro. Mas vamos voltar ao assunto.

WILL: Sim, claro. Antes deixe-me expressar os meus pêsames.

KATARINA: Obrigada. Sebastian era um bom garoto. Inteligente, mas o pai vivia brigando com a mãe.

AARON: Sério?

KATARINA: Pois é. A mulher dele é uma louca. Sabia que certa vez ela encasquetou que eu estava tendo um caso com o marido dela?!

WILL: Mentira!

KATARINA: Louca de pedra. Mulher maluca.

AARON: Posso ir no banheiro?

KATARINA: Segue o corredor a direita.

Aaron se levanta. Ele vai até o banheiro e entra.

BANHEIRO DA CASA DE KATARINA – INT./DIA

Aaron abre o espelho do banheiro. Dentro estão bastantes remédios. Ele olha um a um.

SALA DA CASA DE KATARINA – INT./DIA

Will e Katarina conversam.

WILL: O Junior é uma graça.

KATARINA: Júnior?

WILL: Pusemos o nome do Aaron. Aaron Iñarritu Junior.

KATARINA: Sei.

Aaron reaparece na sala.

WILL: Olha ele. Voltou. Então, bem? Tudo certo?

AARON: Na verdade não.

KATARINA: Que houve?

AARON: O que é isso?

Aaron mostra um vidrinho de remédio. Katarina se levanta.

KATARINA: Isso? É um remédio meu.

AARON: Quer dizer que toma nitrato de cobre?

KATARINA: Faz bem pra pele.

AARON: Não sou formado em farmacologia, mas sei muito bem que nitrato de cobre é extremamente tóxico. O cobre acumula no organismo podendo causar câncer a longo prazo ou ataque cardíaco.

KATARINA: Não sei o que está falando.

WILL: Mas nós sabemos muito bem. Matou Sebastian Mayers.

Katarina fica nervosa.

KATARINA: Não são pais de ninguém.

AARON: Isso mesmo. Somos do Departamento de Polícia de Oklahoma.

Will e Aaron mostram suas identificações.

AARON: Está presa pela tentativa de assassinato de Sebastian Mayers.

KATARINA: Não podem me prender sozinha.

WILL: Onde você vai tem muita gente que nem você.

KATARINA: Foi tudo idéia dele!

AARON: Dele? Quem?

KATARINA: Foi tudo idéia do Arnold.

Will e Aaron se olham chocados.

AARON: Está blefando.

KATARINA: Não. Eu e Arnold estamos tendo um caso faz seis meses. Ele não queria se separar de Linda por causa do garoto. Daí ele teve a idéia de matar o menino para não ter mais nenhum vínculo com aquela louca.

WILL: E como fez? Nitrato de cobre pareceria em exames de sangue.

KATARINA: Eu manipulei diferente. Coloquei-o de uma forma mais sutil. Em um meio mais básico o nitrato de cobre se dilui mais facilmente no sangue. Colocava no leite de Sebastian.

AARON: Há quanto tempo?

KATARINA: Dois meses.

WILL: Há dois meses envenenava o menino?

KATARINA: Tudo idéia de Arnold. Eu me arrependo do que fiz.

AARON: Tarde demais.

Aaron algema Katarina. Ela chora muito.

CASA DE LINDA E ARNOLD – INT./DIA

Arnold e Linda assistem televisão. Ouvimos um estrondo forte. Arnold pega uma arma numa gaveta de uma escrivaninha.

LINDA: O que está fazendo?

Arnold corre para a entrada da casa. Lá estão Will e Aaron. Ambos estão empunhando suas armas. Aaron aponta para Arnold.

AARON: Largue a arma, Arnold. Está preso por tentativa de assassinato.

Linda chega.

LINDA: Do que eles está falando?

WILL: Linda, descobrimos que Katarina e Arnold envenenaram Sebastian. Arnold viajou para fora do estado para ter um álibe. Tudo armado. Eles confiavam que os exames não mostrariam o envenenamento. Erraram.

LINDA: Arnold...

ARNOLD: Não acredite neles! Eles mentem!

Linda sai correndo para dentro de casa aos prantos.

WILL: Solta a arma!

ARNOLD: Aquela vadia me delatou!

WILL: Solta a arma!

ARNOLD: Todos vão pagar!

Arnold atira na direção de Will e Aaron. Eles se jogam no chão e o tiro acerta a parede. Arnold se vira para correr pelos fundos, mas dá de cara com Linda. Ela está com as mãos para trás.

ARNOLD: Sai da frente!

Linda gira as mãos para frente e segura uma arma. Ela aponta pata Arnold.

ARNOLD: Linda, solta a arma. Vai se machucar.

LINDA: Eu te odeio.

Aaron se levanta.

AARON: Linda, não!

Linda dispara e acerta Arnold. Aaron corre até Linda e tira a arma de sua mão. Will corre até Arnold e chuta a arma dele para longe. Aaron se abraça a Linda.

AARON: Acabou. Acabou.

IMAGEM APAGA

IMAGEM REABRE

OKLAHOMA CITY FULL HEART HOSPITAL – INT./NOITE

Aaron e Will olham através de uma janela de vidro para dentro do quarto. Linda conversa com Sebastian. Ele está acordado.

WILL: Fizeram uma desintoxicação. Os médicos disseram que ele foi muito forte. Até o momento não apresentou nenhuma seqüela. Irá fazer exames a cada três meses para verificar se o acúmulo de cobre no organismo causou algum dano.

AARON: O que importa é que ele está bem.

WILL: Katarina está presa. Irá a julgamento em breve.

AARON: O estado de saúde de Arnold?

WILL: Vai sobreviver. O tiro acertou o ombro. Sobreviverá para pagar pelo que fez ao filho.

AARON: Vamos embora.

WILL: Vou fazer uma macarronada para a gente.

AARON: Delícia.

Aaron agarra Will pela cintura e eles saem.

CASA DE SEAN – INT./NOITE

Sean janta. A televisão da cozinha está ligada. A campainha toca. Sean levanta. Ele vai até a porta e a abre. June está lá.

SEAN: June?

JUNE: Vamos de uma vez por todas colocar os pingos nos is.

June entra. A porta fecha. A Câmera gira e aponta para a lua. Uma estrela cadente passa.

IMAGEM APAGA